terça-feira, 5 de maio de 2009

A CARTA DOS FALECIDOS


Se eu mando uma carta
do além
para o mais além ainda
é pela vida que se finda
e também
pela morte que não tarda.

És morto,
por isso te calas:
estorvo
que me abala
pela ausência
do sopro de vida.

Sou morta
pela tua navalha
que me corta
e me veste a mortalha,
mas é tua
não minha a partida.

O pior de tudo
é um coração que bate
em alma com enfarte;
um luto
por quem já se foi
e não volta depois.

Se escrevo para um morto,
em sua alma absorto,
jamais receberás:
é morta a remetente,
e o destinatário, ausente,
é falecido e jaz.

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